26 de julho de 2012

Verde na memória

               Lembro daquele dia verde. Nublado, mas verde. Era de um chove-não-molha impressionante. E tanto era, que ficamos nós dois ali, deitados em tua cama: eu tentando te convencer de que o dia valia ao menos um mergulho na piscina, e você dizia que ia começar a chover. E chovia, sempre. Você olhava nos meus olhos, eu olhava teus sinais e tentava ligá-los, fazer algum desenho no teu rosto; e aí meus olhos encontravam os teus, tão atentos e sorridentes em mim. Eu me perdia em você. Ria, chacoalhava pra lá e pra cá. Te beijava os olhos fechados, e te amava mais uma vez. Pelo menos eu tinha consciência do quanto estava feliz ali, naquele momento - e em tantos outros. Hoje, só me resta saudade. E quando o dia é assim, parecido com aquele verde-nublado, meu coração dói, meu corpo sente a falta do teu contorno. Dias assim me fazem querer estudar física e o que mais for necessário só pra poder construir uma máquina do tempo e te viver mais uma vez, sem ser dentro de mim desse jeito.




13 de julho de 2012

O que eu queria ser

Eu já quis ser mais magra,
ter perna mais fina
e peito maior

Já quis ser tua menina,
tua mulher
ou um problema qualquer
que tu carregasses no dia-a-dia


Já pensei em ser tua cama
e te sentir deitado em mim;
em ser tua bolsa
e viver nas tuas costas
(bem pertinho do teu pescoço,
pra matar a saudade que tenho desse teu lugar)


Quis sequalquer coisa que me fizesse te ser 
mas acabei sendo eu
.
.
.

Benzinho, te conto um segredo que minha alma teme em dizer:
eu poderia até ser uma bicicleta
se você quisesse pedalar tua estrada comigo