28 de outubro de 2013

Reverberações

Teu reflexo
já não me causa nós: 
tudo foi desamarrado de mim

Nem tua luz nem teu calor
continuam por perto
Só teu brilho,
que reflete batendo dentro do meu olho
e da minha alma

O único laço
é todo feito de memórias
TODAS ELAS
reverberam fortemente aqui dentro
(nem que de vez em quando)
- e, eventualmente,
escorrem pro lado de fora, 
juntamente com os gritos
ou sussurros
de uma canção qualquer

(qualquer música
que eu invente de cantar
vem acompanhada 
desse teu rosto
imbecil) 


foto de Laís Lacerda Vareda
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22 de outubro de 2013

Conselho calado

olha, menino, 
eu se fosse tu,
tomava cuidado com essa mulher
tu brinca de mergulhar nos olhos castanhos e pequenos dela,
como se nunca fosse se afogar
tu brinca de achar graça nos rodeios que ela te dá,
como se não quisesse ir direto ao ponto
tu brinca de deitar no chão e deixar ela passar por cima,
como se nada te machucasse
olha, menino, cuidado,
que mulheres,
principalmente dessas geminianas,
são indecifráveis demais
tu não devia deixar essa menina
brincar com teu coração,
que isso é dessas coisas quebradiças demais
olha, eu se fosse tu, 
tomava cuidado com essa menina-mulher-em-construção
porque de coração quebrado, menino, 
a gente já guarda caco demais

em fevereiro de 2013


3 de outubro de 2013

EU:

redundante, tautológica, pleonástica
repetidarepetidarepetida
excessiva em inúteis repetições:
mesmas memórias,
mesmos ciclos, 
vai-e-volta
perissológica
e sem lógica nenhuma

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