15 de junho de 2016

Entre os céus do Rio e Recife

daqui de cima
o céu parece um enorme
e esbranquiçado-azul petróleo
                                         vazio

- tão bonito - 


imagino o silêncio


tento calar minha mente,
que reflete no corpo
os espasmos:
dedos que tremem,
desejando pensamentos
coração palpitante,
imparável

não há o que calar
não há o que parar

não dá para calar
      tu
que vens 
e invades

toma completamente o meu espaço
toma completamente minha consciência
                                        e inconsciência 
toma conta dos meus tiques nervosos
                                   cabeça 
                                   coração
                                   barriga
                                   e mãos

nesse imenso e bonito vazio
iluminado pela lua de junho,
não consigo ser vazia, meu bem

não consigo descartar-te

nesse infinito de nuvens pouco e lindamente iluminadas,
queria poder olhar até onde o horizonte se estende
sem ver lá no fundo
que ainda distantes
nos unimos entre estes céus

queria olhar pro fundo deste escuro
e obter alguma clareza

mas a vida, benzinho,
não escreve certezas
entre céus e terras


junho/2015



confissão nº 1

no meio da noite
às vezes paro calada
olhando através da janela da área de serviço

e espero

você passar andando pela minha rua
naquele passo apressado
vindo dizer que me ama


novembro/2014