Últimos minutos. Toda
vez é isso: INterrogações.
As lembranças passam
correndo na cabeça: filme malfeito, errado, não escolhi assim.
As palavras reverberam
feito sol de meio dia botando fogo no corpo inteiro.
Os olhinhos, meu bem,
sempre mais claros do que nunca, sempre daquela luz do dia clareando cedo.
Permanecem as dúvidas,
os infelizes traumas e mágoas, o medo de escolher o caminho.
Me encho mais ainda de
imagens passando pelas retinas, as telas de projeção do coração. Toca
"queixa" do lado de fora. Está escuro, de claro só minhas imagens do
lado de dentro de mim, onde tem esse corre-corre, essacoisasempausa essas
imagens borradas tudotãorápido que eu quase não vejo mais nada direito tudo
passa correndodemais e eu nãoentendomaisnada sóconsi gosen tiresentir
dói: mas ainda conta.
Sentir o que é velho, sempre,
apesar da capa de coisa nova. Sentir é esse meu sentimento antigo, talvez mais
velho do que eu – sabe-se lá como, talvez ele tenha nascido antes de mim -, esse
sentimento antigo que só faz trocar de pele. De peles. São sempre as mesmas memórias
repetidas e esquecidas cronicamente; são os mergulhos em diferentes e iguais
poças; é jogar-se na vida como criança que ainda está aprendendo as
consequências para suas ações, e repeti-las sempre, apesar da dor e da agonia do
erro.
Memórias morrem na nossa
retina, nós morremos na retina. Mas ainda conta: o coração continua batendo descompassado e desesperado pelo outro que também se esquece e nos esquece só
pelo propósito de acontecer de novo.