22 de outubro de 2010

Só por uma vez, um fim



Eu queria conseguir só por uma vez, ao menos, parar todos os meus pensamentos. É que às vezes cansa tentar tantas vezes e não conseguir pôr um fim nisso tudo. Queria ter dentro de mim para sempre a paz que me invade quando paro pra olhar o rio e sinto o vento batendo no meu rosto. O problema é que essa calmaria nunca fica; ela é rápida, dá o gosto e corre para o outro lado. Minha cabeça vai à mil, não para em momento algum, sempre tem uma coisa para ser pensada, para ser remoída, para bater numa mesma tecla, para mudar meu humor. Seria tão mais fácil se a gente não complicasse qualquer coisa que vem a nossa frente. Porque é que a gente tem que lidar com seres humanos? Todos eles são fadados a errar e errar e errar constantemente. Eu, ele, você. Todos nós erramos e erraremos muito daqui pra o final disso que chamamos de vida. Eu sei, você sabe, mas todos nós continuamos fingindo não saber de nada. E pra quê? Pra culpar um ao outro quando algo dá errado, quando algo sai da reta que traçamos para andar. Esquecemos que nada é linear. O tempo passa, o mundo dá voltas e acabamos parando no mesmo lugar, andando por linhas tortas - e ainda achando que elas são lineares - e entrelinhas mal entendidas por aqueles que nunca entendem a magia que cabe num momento de loucura e silêncio. Talvez a vida seja só essa loucura que a gente vive a cada segundo, milésimo e instante, e juntando tudo isso que a gente passa, quem sabe a gente não acha um final feliz depois? Ainda tem tanta pedra, caminho e chão pra gente andar. São infinitos pensamentos que correm na minha mente, são milhares de sentimentos a correr por minhas veias, são saudades a escorrer por meus olhos, são risadas vermelhas, são sorrisos vindos do coração, são batidas de carnaval e samba dentro de mim, são noites e mais noites arrumando um jeito de disfarçar o que qualquer um pode ver olhando para mim. É tanta coisa junta, tanta mistura, tantos “eus” dentro de mim mesma… É tanta correria pra achar uma saída, que é por isso que minha cabeça vai à mil sem parar. Tá tudo bem, tudo sempre estará. Acabará melhor quando num dia desses, pode ser qualquer dia mesmo, me apareça alguém que pense em compartilhar dessas mesmas loucuras, magias e silêncios da vida. Talvez seja aí que todo esse infinito torne-se finito ou dê uma pausa pra minha alegria estar em foco. É aí que o carnaval que vive dentro de mim sairá pela avenida, sentindo-se completo. Deve ser num desses momentos em que se sente por completo toda a essência de ser e estar. Deve ser aí o final feliz com direito a beijo de fim.

3 comentários:

  1. Tentaram me fazer acreditar que o amor não existe e que sonhos estão fora de moda.
    Cavaram um buraco bem fundo e tentaram enterrar todos os meus desejos,
    um a um, como fizeram com os deles.

    Mas como menina-teimosa que sou, ainda insisto em desentortar os caminhos.
    Em construir castelos sem pensar nos ventos.
    Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim.
    A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder a vontade de antes.

    Porque aprendi, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica.
    Dá sempre pra tirar um coelho da cartola.

    E lá vou eu, nas minhas tentativas,
    às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos.
    Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo.

    Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado.
    Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola.

    E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior.
    Maior que todo mal que existe no mundo.
    Maior que todos os ventos contrários.
    É maior porque é do bem.
    E nisso, sim, acredito até o fim.
    O destino da felicidade, me foi traçado no berço


    (Caio Fernando de Abreu)


    by o "anonimo original", kkkkkkk

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  2. Com palavras faceis e um lindo final, adorei, parabens. GALEGA

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  3. Eu deixarei que morra em mim
    o desejo de amar os teus olhos que são doces.

    Porque nada te poderei dar
    senão a mágoa de me veres eternamente exausto,

    No entanto a tua presença
    é qualquer coisa como a luz e a vida
    E eu sinto que em meu gesto
    existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.

    Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
    Quero só que surjas em mim
    como a fé nos desesperados
    Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
    Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.

    Eu deixarei...

    Tu irás e encostarás a tua face em outra face
    Teus dedos enlaçarão outros dedos
    e tu desabrocharás para a madrugada.

    Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
    porque eu fui o grande íntimo da noite.

    Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
    Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
    E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.

    Eu ficarei só...

    Como os veleiros nos pontos silenciosos.
    Mas eu te possuirei como ninguém,
    porque poderei partir.

    E todas as lamentações do mar, do vento,
    do céu, das aves, das estrelas,
    Serão a tua voz presente,
    a tua voz ausente,
    a tua voz serenizada..."


    Vinicius de Moraes - Ausência

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