29 de março de 2011

Respire fundo



Nas minhas veias corre uma tinta
que imagina
ser sangue

De enxerida, instalou-se em meu coração
e lá dentro pinta e borda

Entre suas obras,
desabotoou meu coração
e aberto,
qualquer um pode ver:
ele transborda
Por mais que eu não queira
ou tente segurar,
tinta escorre pra todo lado

Meu coração, borrado
inventa de querer ver tudo colorido
Se esquece que tinta gruda
Lava,
esfrega:
não sai
Impregna, feito saudade
daquelas que não se consegue arrancar
nem com mil litros de água sanitária

Me faz respirar fundo
e aí
.
.
.
flutuo
.
.
.
mas depois caio

Coração bate forte
no chão
Faz tumtumtumtum
rápido rápido rápido rápido
tumtumtumtum
mal
tumtumtum
consigo
tumtum
falar
respirar

Bate:
saudade,
coração
Tinta pinta,
botão não fecha:
tudo de novo
(dessa vez começa colorido) 

3 comentários:

  1. =)
    adoro seus textos, seus poemas, enfim, vc transmite tudo o que sinto com eles, parabéns.

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  2. Depois de ter você,
    pra quê querer saber que horas são?
    Se é noite ou faz calor,
    se estamos no verão,
    se o sol virá ou não,
    ou pra quê é que serve uma canção como essa?

    Depois de ter você, poetas para quê?
    Os deuses, as dúvidas,
    pra quê amendoeiras pelas ruas?
    Para quê servem as ruas?
    Depois de ter você...
    Depois de ter você...


    Adriana Calcanhoto

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  3. Admiro muito quem escreve. E acho mais foda ainda quem consegue escrever poesia. Ficou tão linda quando a autora. Beijão.

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