Você
com essa mania de teimosia e de me esquecer quase me faz não querer te ver
nunca mais. Quase falo que te quero longe, te mando embora e digo que não. Mas
é quase. Meu coração sempre fala mais alto do que tudo. Deixo o resto para
trás, e vou contigo até onde for para ir. Não dá sequer tempo de desistir: em segundos,
você invade e rouba todo o espaço da minha mente. Teu jeito, tua sobrancelha,
tuas orelhas, teu tudo. E, como fogo que és, rapidamente me consome inteira.
Os opostos se atraem, e a cada dia que passa
sinto o peso que é lidar com as diferenças. Mas vale a pena. E mais ainda
quando te escuto falar uma daquelas coisas lindas que só você sabe dizer. Sei
que aos pouquinhos a gente se aprende e se entende melhor, mas é que eu tenho
pressa, e sei que é mania dos dois: impaciência, impulsividade, instabilidade –
somos cheios dos prefixos.
Você
tem uns olhos castanhos curiosos e raramente decifráveis, que me metem medo.
Você é terra, espinho e flor, exatamente nessa ordem. Me dá amor quando quer,
sem saber que eu preciso sempre. Sou fluxo constante, água corrente pronta pra
te molhar e não quero esperar. Eu tô bem aqui para não deixar você não se
queimar com o próprio fogo, mas deixa-me cuidar de você, sim? Benzinho, te
guardo numa caixa, bem sabes, e te chamo de meu. Quando não consigo dormir,
tento contar teus sinais – que nunca consegui sequer chegar perto do número
certo. Lembro do teu (meu) triângulo e só assim me sinto em casa. Estranho, né?
Te sinto sempre perto, me aquece o peito, me acomoda e acalma essa minha alma
inquieta.
Não
dê muita corda para certas loucuras minhas, mas saiba valorizar o que eu passo
e faço por ti. Não se importa com minhas contradições. Às vezes falo tudo ao
contrário e só quero que você adivinhe. Mas tente, uma vez perdida. Me mima vezenquando.
Me guarda dentro de uma caixa também: sou tua.
Te
quero mesmo com esse teu mau gênio que aparece de vez em quando. Te quero
transparente como consigo ver algumas vezes. Te quero com as cores da manhã que
carregas na alma. Te quero sendo como és – talvez com uma vírgula aqui e outra
ali, mas sendo sempre esse ariano irremediável.
Esteja,
seja.
E
me desconcerte como de costume.