Planta carnívora dentro do peito. Consegue me
engolir de tal jeito, que nem sequer me mastiga. O amor brota em cacho,
suculento e vermelho, de muito. Me consome. O que antes era só uma mudinha,
agora tá enorme, quase do tamanho de um arbusto. Floresceu, você tem que ver. E
se ramifica cada vez mais.
Por essas e outras que gosto tanto de chuva. Me
cuida, me rega, me alimenta, me lava a alma. Me faz crescer esse amor calmo e
desconcertante em forma de planta cultivada no solo desse meu peito bagunçado.
Meu Pé-de-coração cresceu apressado e paciente, com
toda a contradição permitida pelo amor. É tratado por um jardineirozinho meio calado,
mas que sabe podar com cuidado – e muito carinho – as folhas que não servem
mais. Daqui a pouco essa planta vai me preencher toda – mas nem ligo – e
começará a mostrar os galhos mais desenvolvidos, bem bonitos, lá em cima – ou
por todos os lados. Na primavera, talvez. Até consigo me imaginar:
coraçõezinhos pelo chão - sementes bem embaixo dos meus pés – e um contraste
lindo do vermelho sangue das pétalas das minhas novas flores com o céu azul de
novembro.
Ainda dá tempo de plantar mais umas mudinhas. Não é
fácil, mas a gente rala um pouco para que o peito cresça e caiba o instável
coração, sempre com mais amor dentro dele.
Ainda bem que choveu. E que ainda chove.
meu Pé de coração na parede |
Adorei o post, parabéns !
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