1 de fevereiro de 2012

Pé-de-coração


 Planta carnívora dentro do peito. Consegue me engolir de tal jeito, que nem sequer me mastiga. O amor brota em cacho, suculento e vermelho, de muito. Me consome. O que antes era só uma mudinha, agora tá enorme, quase do tamanho de um arbusto. Floresceu, você tem que ver. E se ramifica cada vez mais.

Por essas e outras que gosto tanto de chuva. Me cuida, me rega, me alimenta, me lava a alma. Me faz crescer esse amor calmo e desconcertante em forma de planta cultivada no solo desse meu peito bagunçado.

Meu Pé-de-coração cresceu apressado e paciente, com toda a contradição permitida pelo amor. É tratado por um jardineirozinho meio calado, mas que sabe podar com cuidado – e muito carinho – as folhas que não servem mais. Daqui a pouco essa planta vai me preencher toda – mas nem ligo – e começará a mostrar os galhos mais desenvolvidos, bem bonitos, lá em cima – ou por todos os lados. Na primavera, talvez. Até consigo me imaginar: coraçõezinhos pelo chão - sementes bem embaixo dos meus pés – e um contraste lindo do vermelho sangue das pétalas das minhas novas flores com o céu azul de novembro.

Ainda dá tempo de plantar mais umas mudinhas. Não é fácil, mas a gente rala um pouco para que o peito cresça e caiba o instável coração, sempre com mais amor dentro dele.


Ainda bem que choveu. E que ainda chove.



meu Pé de coração na parede 

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