9 de março de 2013

É uma carta, mas não de amor


 Acabei de ler uma coisa que me lembrou você, bem na metade do caminho, quando eu já vinha escrever qualquer coisa, de qualquer maneira: “não procure a pessoa mais brilhante do mundo. Encontre aquela que te ilumina aos poucos, em alguns momentos. Quem brilha pra sempre, já morreu”. Piegas, eu sei, mas todas as cartas de amor são ridículas - não que essa aqui seja uma. Eu só queria dizer que tô cansada. Vivo cansada, só não me dou conta. Quando percebo, vejo que minha vontade é de abrir meu corpo, como se tivesse um zíper mesmo, e sair dali, migrar pra qualquer outro corpo, qualquer um mais agradável, mais desconhecido. Ou me enterrar junto com minhas memórias dentro de uma caixinha e virar lembrança também. Quando noto, assim, às vezes, minha vontade é de sumir, desaparecer. Ver gente nova, poder fazer diferente. Será que existiria a falta? Será que alguém sentiria a minha? Será que a saudade ainda viria bater nessa porta perdida pelo mundo em que eu me encontraria? Eu queria abrir o zíper de mim e jogar o coração fora. Pronto. Talvez aí se resolvesse. Não, teria que jogar fora as memórias também. E agora? Sobrara-me a luz. o que faço com isso? Você ainda brilha aqui dentro. Vezenquando, é verdade. Mas não se joga luz fora, com o que mais se iluminariam as coisas? Mas aquilo que brilha para sempre já morreu. Você é estrela infinda no céu do meu peito: morreu, mas ainda brilha, escondida nos cantos de mim.


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