8 de abril de 2013

Dos amores e verbos


Embrutecer-se,
tecer corpo, alma e coração juntos
Brotar em si o bruto,
construir paredes, 
fortaleza corporal e interna
Esquecer das flores, do céu, do mar
Enxergar cinza e alto,
como os prédios da cidade
Deixar ir as coisas passadas
e amar apenas o que restar,
ainda que nos poços mais fundos de nós mesmos
- e falhos, como tudo que é humano
Embrutecer como quem escolhe esse caminho
não porque quer,
mas porque precisou
e teve que catar a coragem
(aquele milésimo de segundo de coragem)
para seguir de pé firme com a decisão
Ir-se embora 
e se endurecer de si mesmo,
invenção como que num piscar de olhos, 
como que na contradição do tempo: 
demora-se tanto e pouco, ponteiros param e correm
do mesmo jeito que o amor nos fere
e aos trancos,
embrutece 


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2 comentários:

  1. Só não entendi como está classificado por "poeminha". Poemaço!

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  2. tu é tão grandiosa que eu não sei como cabe dentro de si mesma, será que cabe? haha, lindo demaais!

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