O som da madrugada
e aquele breve momento de dúvida se existe o silêncio:
escuto alguém aguando plantas
e alguém que passou de bicicleta
vejo a luz de um farol fazer sombra nos prédios
e elas dançam enquanto o carro vai embora:
- daqui do sétimo andar
o céu parece um tiquinho mais perto
mas é só o gosto de ilusão
O céu tem aquela cor azul-escuro-que-vai-clarear
e as nuvens são quase laranjas
(reflexo dos postes de uma cidade que nunca se apaga)
Penso que minha vida vai se ajeitar
(não sei quando nem como
mas sou pouco e não deveria me preocupar tanto
nem ficar com medo de perder todas essas potenciais coisas que eu sempre acho que perco).
Alguém ainda rega as plantas
A quantidade de carros na rua começa a aumentar
e escuto o som de suas passadas cada vez mais frequentes
.
.
.
Madrugada bota a gente pra pensar.
.
.
.
Faz calor.
As estrelas já quase se escondem
mas ainda resistem
Penso nas possibilidades de amores
que sempre
me escapam
que sempre
escorrem
pelos
dedos
pelos
pelos
pelos
corpos
pelos
corações
pelos
caminhos
.
.
.
O céu clareia
e eu preciso PARAR
pra ver o dia começar
desse jeito bonito
que apaga nossas memórias
nessa dormência de pensamentos
enquanto o dia acorda
- e eu ainda não dormi