29 de agosto de 2010

Querer

Me deixa pintar a vida como eu quiser! Cansei de tantos dias cinzas dentro de mim. Eu quero pintar minha alma de todas as cores; quero libertar o meu pássaro azul, sem medo… Eu quero ter a vida na sua forma mais crua e sincera que se pode ter. Quero me jogar nesse mundo, abrir o coração pro vento, deixar o tempo levar consigo o que quiser de mim. Quero que você me invada, me explore e conheça todos os cantos que existem no meu interior. Quero saber falar como quem grita o que sente, como quem escolhe e inventa as melhores palavras para se expressar. Quero levar comigo toda a alegria que puder, mas quero que exista um pouco de tristeza também... Ninguém aprende só com felicidade. Quero o óbvio, o intocado, o distante e a mesmice de todos os dias. Quero sentir todas as saudades: a de quem está ao seu lado, a de quem está em outro canto do país, a de uma época, a de um amor, a de uma voz, a de uma música, a de um livro, a de um sábado à tarde, a dos cheiros... Quero tanto que nem sei mais o tanto que quero. Quero desaprender a medir os sentimentos; quero aprender a ser mais de mim, cada vez mais. Quero sentir e tocar essa vida com a palma da minha mão. Quero que minha vida seja vasta; tão imensa que não se possa pegar com uma mão - nem duas -, mas que caiba inteira na minha memória, como uma doce lembrança de dezembro. Quero que tudo que vivi, vivo e viverei seja como um souvenir, um presente mesmo, escrito e feito por mim, de um jeito indecifrável para os que não têm dentro de si a magia de ver através do comum. Quero minha vida dentro de um sonho. Não um sonho impossível, mas um sonho daqueles que a gente realiza, que só é preciso vontade e enxergar além de um horizonte distante. Quero o tudo, o nada e mais um pouco... Posso parecer gananciosa, mas não sou não. Só sei que quero poder espremer e tirar o sumo dessa vida, fazer com que ela seja deliciosa, sem amargar no final. Eu só quero poder viver. Viver, no sentido mais amplo da palavra, da forma mais intensa e despreocupada que se possa imaginar.


Quero viver o mundo que floresce em mim todos os dias, com todas as borboletas que eu tiver direito!





(E quero que você venha comigo.)

6 comentários:

  1. Algumas (ótimas) palavras, que gosto de ler.
    Algumas (carinhosas) palavras deixadas pra mim, por você.
    Aqlgumas (agradecidas) palavras que devolvo dizendo: não pare de escrever pq você possui aquela arte, que vai nos envolvendo.

    Obrigada pelas palavras e mais ainda por ter tempo de deixá-las!
    beijo

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  2. belissimo txt Srtª Mariz!

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  3. Pedro Luís & A Parede

    Máquina De Escrever

    Meu coração é uma máquina de escrever
    As paixões passam
    As canções ficam
    Os poemas respiram nas prisões
    Pra ler um verso, ouvir, escutar
    Meu coração falar
    Até se calar a pulsação
    Meu coração é uma máquina de escrever
    No papel da solidão
    Meu coração é
    Da era de Guttemberg
    Meu coração se ergue
    Meu coração é
    Uma impressão
    Meu coração
    Já era
    Quando ainda não era
    A palavra emoção
    Mas há palavras no meu coração
    Letras e sons
    Brinquedos e diversões
    Que passem as paixões
    Que fiquem as canções
    Nos poemas, nos batimentos
    Das teclas da máquina de escrever
    Meu coração é uma máquina de escrever
    Ilusões
    Meu coração é uma máquina de escrever
    É só você bater
    Pra entrar na minha história

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  4. achei esse sem sal :T aquém do que normalmente leio por aqui :T

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  5. O amor que choveu



    Era uma vez um menino que amava demais.
    Amava tanto, mas tanto, que o amor nem cabia dentro dele.
    Saía pelos olhos, brilhando, pela boca, cantando, pelas pernas, tremendo, pelas mãos, suando.
    (Só pelo umbigo é que não saía: o nó ali é tão bem dado que nunca houve um só que tenha soltado).

    O menino sabia que o único jeito de resolver a questão era dando o amor à menina que amava.
    Mas como saber o que ela achava dele?
    Na classe, tinha mais quinze meninos. Na escola, trezentos. No mundo, vai saber, uns dois bilhões?
    Como é que ia acontecer de a menina se apaixonar justo por ele, que tinha se apaixonado por ela?

    O menino tentou trancar o amor numa mala, mas não tinha como: nem sentando em cima o zíper fechava.
    Resolveu então congelar, mas era tão quente, o amor,
    que fundiu o freezer, queimou a tomada, derrubou a energia do prédio,
    do quarteirão e logo o menino saiu andando pela cidade escura -- só ele brilhando nas ruas,
    deixando pegadas de Star Fix por onde pisava.

    O que é que eu faço? -- perguntou ao prefeito, ao amigo,
    ao doutor e a um pessoalzinho que passava a vida sentado em frente ao posto de gasolina.

    Fala pra ela! -- diziam todos, sem pensar duas vezes, mas ele não tinha coragem.

    E se ela não o amasse?
    E se não aceitasse todo o amor que ele tinha pra dar?
    Ele ia murchar que nem uva passa, explodir como bexiga e chorar até 31 de dezembro de 2978.

    Tomou então a decisão: iria atirar seu amor ao mar.
    Um polvo que se agarrasse a ele -- se tem oito braços para os abraços,
    por que não quatro corações, para as suas paixões?

    Ele é que não dava conta, era só um menino, com apenas duas mãos e o maior sentimento do mundo.

    Foi até a beira da praia e, sem pensar duas vezes, jogou.
    O que o menino não sabia era que seu amor era maior do que o mar.
    E o amor do menino fez o oceano evaporar.
    Ele chorou, chorou e chorou, pela morte do mar e de seu grande amor.
    Até que sentiu uma gota na ponta do nariz.
    Depois outra, na orelha e mais outra, no dedão do pé.
    Era o mar, misturado ao amor do menino, que chovia do Saara à Belém, de Meca à Jerusalém.
    Choveu tanto que acabou molhando a menina que o menino amava.
    E assim que a água tocou sua língua, ela saiu correndo para a praia, pois já fazia meses que sentia o mesmo gosto,
    o gosto de um amor tão grande, mas tão grande, que já nem cabia dentro dela.



    - Antônio Prata

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  6. Quase vi Amélie Poulain escrevendo.

    Muito bom o texto.

    Beijos, queijos e flores.

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