4 de dezembro de 2011

Exceção


“- (...) o murchar das flores é o sinal do nascimento dos frutos; e dos frutos vem a semente e o ciclo do coração... se as flores não murcharem, como há de existir frutos e sementes? Até os lírios murcham.
- Eu queria que as flores durassem para sempre.
- Assim como as primaveras?
- Mas a gente guarda pelo menos a lembrança delas, não é?  De certo modo, elas nunca morrem. Entende?
- Entendo. Concordo. Se você quer eternizar é só guardar direitinho, como uma flor dentro de um livro.
- Eu tenho flores guardadas assim.
- Eu tenho amores guardados assim.”

Engraçado que independentemente do tempo correr ou passar se arrastando, a gente tá no mesmo lugar, morrendo de saudade um do outro. Não importa se um dia foi espinho ou se já é flor de novo, eu te guardava – e guardo – de todo jeito, desde sempre. Você bem sabe dessa minha mania de passado, essa coisa de lembranças, detalhes. Canceriana demais. Cancerianos demais.
Amor-amizade: talvez a melhor definição de alguma coisa que a gente já fez. Esse amor raro, misturado, feito para nos levantar e derrubar ao mesmo tempo. Tão nosso. A gente nunca conseguiu se deixar ir. Mesmo com todos os desapegos, tentativas de expulsar de dentro do coração, investidas falhas e limites incertos: a gente nunca parou de se guardar. Nem que tenha sido de uma forma escondida ou escancarada - mas mentida -, a gente nunca conseguiu quebrar nossa promessa. Nem mesmo quando a primeira música que te mostrei dizia que eu ia embora.
É bom saber que no fundo, no fundo, a gente nunca mudou. Nem iremos. Uma delícia ouvir que ainda te causo sorrisos. Você sabe que por aqui também. O jardim continua bagunçado, como sempre, mas bem cuidado. A cada flor que nasce, lembro do significado de “cativar”. Lembro de você, nem que por meio segundo. Lembro tanto de como me deixei ser cativada por uma pessoa tão inconstante quanto eu. Logo nós, que mesmo tão cancerianos, temos toda essa falta de certeza.

A gente sempre vai ser esse parêntese em aberto.
Guardo flores assim. Cartas, caixas. Você. 


            Amores também.



4 comentários:

  1. toda rosa é rosa porque assim ela é chamada. toda bossa é nova e você não liga se é usada; todo amor vai além do que se vê, e toda amizade vai além do que se sente.

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  2. Quem me dera o céu pudesse ajudar
    Noites eu passei em claro
    Os olhos que me apetecem
    Os sonhos que se antecedem
    Pra você chegar na estrada, caminho ou lugar
    Onde eu seja teu

    Vou te mostrar tudo ao redor
    Vidrar as paredes e só
    Não vou nem ligar
    Apaguei as luzes

    Parei onde você parou
    Pra me esperar
    Até quando você notou
    Que não ia dar em nada

    Quem quiser hoje o céu
    Que venha buscar
    Noites eu passei em claro

    Dos dias eu já me esqueço
    Dos lábios não quero o peso
    Pra me derrubar
    E a minha pessoa ficar
    Mais um pouco aqui

    Parei onde você parou
    Pra me esperar
    Até quando você notou
    Que não ia dar em nada


    Vanguart - onde você parou

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  3. Ah se eu soubesse meu amor, ah se você soubesse.
    Que te encontro todo dia na rua, naquela tua esquina,
    quando levo minha saudade pra passear.

    Ah se eu pudesse meu amor, eu te diria que você foi o tal, e que me levou no final.
    Sem dó, me levou nos teus braços que agora anda com outro rapaz.

    Ah se você soubesse meu amor, se você soubesse.
    Que não sou um destes que tu se agarra.
    Te encheria com aquele véu, te levaria pro céu, te encheria de paz.

    Ah se você soubesse, como eu ando na lua,
    como eu desisti do meus amigos, e repito que não sou capaz.

    Ah se eu soubesse meu amor, o porquê que não rio mais a toa,
    porquê quero me casar contigo, logo mais.

    Ah se você soubesse meu amor, como eu ando nos bares, tentando achar esta paz.
    Mas eu vivo por aí, me agarrando por ali e ali.
    Se eu pudesse meu amor, levaria tudo isso na boa,
    nem ligaria pro teu gingado de saia.

    Queria tanto deixar essa saudade pra trás, pobre de mim que te amo demais.

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