19 de dezembro de 2011

Sobre mares, olhos e chuvas


 
Tô me guiando na sorte, pelo acaso. Coisa rara, de uns tempos pra cá. Quem sabe até dê certo, valha o risco que a gente corre cada vez que insiste em abrir a alma e deixar pegar no coração. Sim, não. Talvez. As incertezas nunca foram tão certas.
Mesmo que as palavras acabem, ainda existem os olhos. E os olhos, benzinho, duram uma eternidade. Nem que o coração salte pela boca e a gente prenda no último instante; nem mesmo quando esse músculo tá cansado, parando de bater: os olhos ficam com a gente, custe o que custar. Mesmo sendo involuntário ver o reflexo dos seus quando fecho os meus, no interior das minhas pálpebras. Mesmo doendo, os olhos continuam bem guardados. Perto, longe, não importa. Vejo teus olhos daqui; eles conversam com os meus.
Entenda logo como sou e saiba me contornar vez ou outra. É que essa minha mania de contradição acaba atrapalhando muita coisa e eu vou ficando cada vez mais perdida dentro de mim. Quero que você fique, mas vai ter um momento em que vou espernear e pedir pra você desancorar o seu barco do meu cais: não vá, é só confusão minha. Quero mais é que você fique e explore meus mares. Entenda que minha maré é muito difícil de prever e que quase lua nenhuma dá jeito nisso. Entenda que você me dá vontade de navegar até onde for possível, só pra poder te encontrar de novo, no caso da gente se perder. Sou tempestade em copo d’água, mas quero que você me derrame por aí. Me espalhe, me guarde. Entenda que quase sempre isso aqui tá uma bagunça, mas se for problema dos grandes, eu dou um jeitinho de arrumar a casa. Mas quero que você mergulhe no meu mar, sim?

Hoje a maré tá calma. Com vontade de você, cada vez mais. Chove um pouco. A areia tá toda pontilhada, marcada da água, sabe como é? Acho uma delícia andar pela praia quando o chão tá assim, fazendo cócegas nos pés. Gosto quando a chuva sai de mim e vai molhar o mundo. 

De Orlando Pedroso



3 comentários:

  1. Muito bom o texto, parabéns pelo blog! Sempre o acompanho ;)

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  2. Jesus continua sendo minha alegria,
    o conforto e a seiva do meu coração.

    Jesus refreia a minha tristeza,
    Ele é a força da minha vida

    É o deleite e o sol dos meus olhos,
    O tesouro e a grande felicidade da minha alma,

    Por isso, eu não deixarei ir Jesus
    do meu coração e da minha presença.

    Bem-aventurado sou, porque tenho Jesus.

    Oh, quão firmemente eu o seguro,
    Para que traga refrigério ao meu coração,
    quando estou triste e abatido.

    Eu tenho Jesus, que me ama e se confia a mim.
    Ah! Por isso não o deixarei,
    Mesmo que meu coração se quebre.

    Johann Sebastian Bach

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  3. Parabéns pelo texto, belíssimo. Fico ansiosa por alguma novidade aqui, é delicioso ler o blog. Se não for um abuso, quero pedir mais histórias de Filipa e Lis.

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